How many seconds are needed to change a life? Just one.
From one second to another, your country might be invaded, and the way you lived so far might turn upside down. On another second you might be making love, and the magical conjunction of a new life might be created, even before you notice it. A cure for a disease can be discovered. A child may start to walk. A tide can turn and start to rise. A shooting star may fall from the sky.
That is the power of a second.
I changed my life the second I shared the embryo of Womanity with Tânia Falcão; and my life changed again when she nurtured it and made it grow. Believe me, we were afraid. Afraid of not being able to accomplish this mission of launching an onzine every single month, in order to bring some empowerment to you and all the women who would read us. Nevertheless, we launched it, the power of a purpose is too strong, cannot be left in the depths of a mind. We launched number one, then two, three, four, five, six…, and we even got ourselves into a podcast. The team grew with Laura Acciaioli as our scout, and a couple of months later, Maria Sales Caldeira joined us, too, as the social media little mogul we were asking for.
All the women we met, all with no exception (even those who said no to Womanity) changed our lives: we learned, we laughed, we cried and I can say that, a year later, we’re all wiser and immensely proud for this achievement.I sincerely hope we made some difference in your life, too, even if it was on the second you were looking at a nice photograph or the second you were lingering around a beautiful word.
Now you understand why this Anniversary Edition’s subject could be no other but CHANGE. It’s a new year for us at Womanity, and we embrace all possible Changes with all our hearts.
Thank you so much for being there.
♥
Farida D. is an Arab gender researcher and poet, studying Arab women’s everyday oppressions for over a decade. Through the process, she broke up with her hijab and set all of her high heels on fire. Farida has been interviewed by BBC Radio London. Her poems are strolling all over social media, and have been shared by renowned artists including Janne Robinson, Willow Smith, and Nathalie Emmanuel.
Women live in a world that constantly tells us to change. We are never good enough. We can always do something better, do something different. There is always something wrong with us that we must change, or at the very least aspire to change. We can’t be happy with ourselves the way we are- that’s just being too full of yourself, too confident, too arrogant- that too, must be something you want to change.
But who benefits when women are made to feel insecure about themselves? “Change is the only constant”, they say. But who benefits when women constantly aspire to change? Not us. Patriarchy and capitalism are the beneficiaries.
This is how it works:
Patriarchy breaks us. Capitalism promises to build us back up again. Patriarchy tells us our bodies must look slimmer. Capitalism sells us diets and gym memberships. Patriarchy tells us we must aspire to look more beautiful. Capitalism sells us makeup and fashion. Patriarchy tells us we must do the housework more efficiently. Capitalism sells us cookware and cleaning products.
There is always something “wrong” with us and the solution to it is buying a product or a service that promises to “fix” us. Patriarchy creates our insecurities, and capitalism profits out of the solutions they sell us. Women are locked in a cycle that builds itself out of breaking us.
But here’s a radical thought:
I don’t want to change. I want to stay the way I am. I want to accept myself the way I am.
I don’t want to change. For that I must change.
I must change the way I view the world and what it tells me, as a woman, to do. I must not give in to products promising me a perfect body because I don’t need a perfect body. My body is the perfect body for me- it is the only body that has survived with me through every sorrow and joy, and the stretchmarks, cellulite, wrinkles, and scars that mark it are the story of my life. I must not feel inadequate for not fitting into fashion trends or for not following beauty myths. It is not my responsibility live up to ideals that aren’t mine. I must reconfigure the guilt I feel for letting the dishes pile at the sink- my free labour is not a moral duty. I must change the negative chatter in my mind that constantly tells me I’m not good enough. I must realize that this voice is not mine- it is the echo of patriarchy and capitalism. I must silence it. I must be loud.
If I want to go to the gym, it will be for my health not my body image. If I want to buy new clothes, it will be for my comfort not for following fashion trends. If I want to do the housework, it will be to do my share of the work and not to serve everyone in the household.
Mãe do Henrique e do Francisco
Enfermeira e Educadora de Infância
Acredita que o melhor da vida está nas relações com as outras pessoas
A mudança é algo que sempre me assustou, sempre fui uma pessoa que gosta da previsibilidade e precisa dela… ainda assim, a vida encarregou-se de me trazer muitas mudanças, mudanças essas que não dependiam de mim e que, por isso me fizeram crescer e ganhar capacidade de adaptação. A morte dos meus avós em criança, o divórcio dos meus pais e a mudança de cidade, já na adolescência! Foram mudanças muito importantes para o meu crescimento e que, hoje, penso terem sido fundamentais para me tornar nesta pessoa mais segura e mais aventureira… mais despegada da previsibilidade! Essas e a entrada do meu marido na minha vida, que é a pessoa mais imprevisível que eu já conheci e que me mostrou um lado da vida que é tão bom e inesperado!
Sempre soube que a minha vida passaria por cuidar dos outros! E sempre achei que esses outros seriam idosos ou pessoas fragilizadas pela doença! Fiz voluntariado durante toda a adolescência num lar de idosos e, foi aí que encontrei a minha vocação, a enfermagem.
Fiz o curso que adorei e comecei a trabalhar logo num serviço médico-cirúrgico onde estive durante três anos, mas sempre com aquela vontade de ir trabalhar para o Instituto Português de Oncologia. Entrei passados três anos e foi lá que cresci verdadeiramente como pessoa e como profissional. Estive 5 anos a cuidar de adultos e idosos com cancro nas diferentes fases de tratamento, desde o diagnóstico e tratamento até à fase final da doença e da vida. Fui tão feliz nestes anos, conheci pessoas maravilhosas que me deram verdadeiras lições de vida! Sofri com muitos dos meus doentes, vibrei com muitos dos meus doentes e, acima de tudo sentia, diariamente, que estava a fazer a diferença naquele momento na vida daquelas pessoas e daquelas famílias. Trago-os todos no meu coração.
Mas, a mudança está sempre presente e, mais uma vez, a vida pregou-me uma partida quando fui mãe! Regressei ao trabalho, após a licença de maternidade e colocaram-me no serviço de pediatria. Nunca me imaginei a trabalhar com crianças doentes, sempre achei que era uma realidade para a qual não estava preparada e que não ia conseguir ser a profissional que as crianças e as suas famílias precisavam. Comecei a medo e “com pezinhos de lã” e, fui-me encantando com este trabalho e com o privilégio de puder ajudar estas pessoas, de as puder cuidar neste momento tão difícil das suas vidas…
Numa fase inicial tive muita dificuldade em separar a Isabel mãe da Isabel enfermeira… ainda estava a aprender a ser mãe e, de repente estava a cuidar daquelas crianças. Olhava para elas e via o meu filho e, a nível emocional foi muito difícil de gerir… em casa, não me conseguia abstrair do trabalho e sofria muito com as situações que vivia no hospital. Mas, ao mesmo tempo fui-me maravilhando com as crianças, com a sua espontaneidade, capacidade de adaptação e alegria, no meio de tanta dor e sofrimento! Ri muito com as crianças, brinquei muito e conversei… Foram as crianças que me ajudaram a aprender a viver com a realidade delas, que me fizeram rir, refletir e aprender a olhar para o lado bom de tudo!
Até que, ao fim de três anos neste trabalho, engravidei novamente… esta gravidez fez-me ficar a cuidar só de crianças em estado mais avançado da doença, a quem não tinha que administrar citostáticos, uma vez que estava grávida e não podia. Durante quase 8 meses de gravidez vi partir cinco crianças que estavam ao meu cuidado… vivi situações de luto presencialmente, e emocionalmente percebi que, por mais que adorasse esta profissão, já tinha dado tudo de mim… e já tinha tido a sorte de receber tanto… tinha que parar e me dedicar à minha família! Percebi um dia, depois de viver uma destas situações, que não queria mais ser enfermeira… tinha-se esgotado a minha capacidade e, vim para casa de baixa de gravidez.
Durante os meses que se seguiram fui-me mentalizando que não iria voltar para o hospital, que não queria mais viver diariamente a doença… e fui-me apercebendo, todos os dias quando entrava na escola do meu filho, que era lá que me sentia bem, na escola e junto das crianças. Se podia ser enfermeira noutros hospitais e com outras realidades? Podia, claro… Mas, não era isso que estava a sentir ser o meu caminho!
Foi assim que, tinha o meu filho mais novo 5 meses, me inscrevi na faculdade para tirar a Licenciatura em Educação Básica. Ainda tentei conciliar o hospital com a faculdade e com a minha família, mas o meu marido trabalhava em angola, e não me foi possível e, na verdade, queria mesmo desligar da enfermagem…
Comecei a trabalhar numa escola ao fim de 6 meses do curso, logo após o primeiro estágio e mudei de vida, assim de repente…
Não sabia o que era a educação, mas quanto mais estudava e aprendia, quanto mais conhecia a escola onde trabalhava e as escolas onde estagiei, mais percebia que este era o meu caminho! Era a trabalhar na escola e com as crianças que me sentia feliz e realizada.
Estudei durante 5 anos e hoje sou mestre em educação pré-escolar e educadora de infância numa escola! Estou a descobrir esta nova profissão que, não sabia que me estava destinada… que me maravilha diariamente e que me trouxe uma qualidade de vida muito superior, no que diz respeito ao tempo que passo com os meus filhos e ao apoio que lhes consigo dar, ao meu estado emocional e psicológico e, à minha relação com o meu marido.
Todos os dias consigo ajudar crianças saudáveis a crescer, oferecendo-lhes um ambiente favorecedor ao seu desenvolvimento, com amor, afeto e muita dedicação. Consigo transformar a vida destas crianças para que se possam vir a transformar em adultos seguros de si e felizes.
Olhando para trás e pensando sobre a mudança que fiz, talvez na altura não tenha tido a perceção que estava a arriscar tanto, em deixar um emprego fixo e toda a estabilidade que tinha construído para ir para o incerto e para tantos anos de esforço e dedicação! Mas, ainda bem… hoje sou tão mais feliz!
Falando em mudanças… acho que a vida não vai ficar por aqui! Já tenho 38 anos… sim, mas ainda tenho tanto pela frente e, porque não sonhar e continuar a realizar esses sonhos! Ainda tenho sonhos à minha espero e, hei-de conseguir estudar mais e continuar neste caminho de crescimento que me faz tanto sentido!
Qual a minha profissão? Hoje, sou educadora de infância e sou feliz! Amanhã logo se verá o que a vida me reserva.
Co-host of the EXPANDED Podcast & Director of Podcast & Media for To Be Magnetic. Attaching a photo and feel free to tag @ToBeMagnetic & @JessicaAshleyGill
https://tobemagnetic.com/expanded-podcast/2021/149
This EXPANDED Podcast episode by To Be Magnetic helps to highlight how to create space for yourself in order to make lasting change to your self-worth and deservingness. The goal of To Be Magnetic™ is to normalize the practice of manifestation and empower people to manifest whatever they authentically desire through raising their self-worth. Rooted in psychology, neuroscience research, and energetic insights, To Be Magnetic™’s formula is known for its grounded, practical, and accessible approach to manifestation which has allowed tens of thousands around the world to create a change and start living the lives they desire and deserve.
Born in France 1976, but grew up in Belgium
Studied Economy/Communication
1997 broke through with Jil Sander show and started fulltime modelling. Did many shows for Dior, Galliano, Versace, Armani, Comme des Garçons….
Travelled and lived in many places.
2002 met my husband in New York during a snow storm. 2007 Studied Interior Design in Belgium.
2011 and 2012 birth of Eloize and Olivia. 2016 moved to New York. 2020 moved back to Belgium which took me back to modelling:). 2021 Jivamukti Yoga Teacher training. As we love nature and animals, our girls convinced us to become vegetarian. Love to experiment with vegetarian cooking and trying new things! It’s good for your health, good for nature and good for the Karma🤍
Love dancing, music and art. Love anything that moves you and makes you feel alive. Love Life.
WHERE SHALL WE BEGIN …
What comes up to your mind when you see change?
When I see the word change, a lot of emotions arise, but hard to translate into the power of words.
It could be fear of letting go.
It could be fear of the unknown.
It could be fear of failing and tumbling down
It could be fear of letting down people and expectations.
But it could be something else
a feeling of release, an escape, a new challenge or a chance to realize your dreams and desires.
Around and within us there’s a constant change.
All the time and everywhere.
Nature is a narrator of changes. It tells us the change of seasons, the tides, the orbit of the moon and the sun… it’s part of the circle of life.
We notice an infinite constant change.
History is another narrator of changes. Its constant waves of evolution and revolutions, of peace and of war, of wealth and poverty, migration.
As a human being we experience change constantly, from birth until death, physically and psychologically, rational and emotional we are evolving and growing.
With this growing journey comes resilience, courage and endurance.
Like a strong tree grounding its roots, growing branches left and right, the aim is to reach up and raise to the sky. Each storm or draught the tree makes its way up.
Today I sense tremendously amount of change at a fast pace, change that challenge us to be creative, to re-invent ourselves into the unexpected that re-directs us.
Calling us upon a new path.
Calling us upon to make choices.
Choices that might come with fear.
Choices that come from the heart.
Choices to let go what you don’t need.
Choices to let free.
Personally, I’ve experienced different jobs on different fields, I have seen movement. An awareness of injustice, inequality that was necessary to break through what was considered as ‘normal’. Instead, there’s more intolerance for the abuse of power and intimidation. There’s less fear to voice our frustrations of injustice.
It makes me happy and hopeful to see fashion as an inspiration for more inclusivity, more female photographers, more female designers. More women are present than when I started modelling in the nineties.
“As also in the architect world, I see more and more female architects being respected with awe and fame. Think of Zaha Hadid and many more!
And more women in multiple fields are raising their talents, vision, and hard work.
These trailblazing women lay the pathway for young girls with a dream that often is seen as impossible by their environment or culture. A conditioning proven to be wrong and make the impossible possible. This is change and on many levels which is positive but still we’re not where we should be.
– Paulo Coelho
With this awareness and intention, you choose the thoughts, the words and the actions, that with time will inspire your environment and transform into change. Words can be powerful and need to be considered with wholeness and to be peaceful.
Nothing comes overnight.
Everything comes with a growing process of obstacles to overcome but makes the result even more forceful.
To make change possible and successful we’ve learned that we need togetherness, engagement and endeavor.
To realize our dreams of more equal rights for women we need our fathers, our brothers our husbands to understand, and support us.
We need to walk together, to be aligned and share a common voice.
We need togetherness to empower women all over the World to overcome our long history of inequality and injustice. A wound we carry within us through our ancestors, and it is time to be healed for the future of woman.
Today there’s still a long journey ahead but there are opportunities to free ourselves and evolve to a future of peace.
My dream as a mother of two young girls, is to bring these possibilities into a world where they feel safe and free to be who they wish and dream to be. To become, without expectations but with abundance.
Never say never, always keeping the faith one day our dreams will come true.
To plant the seed today is to believe in tomorrow.
I have a lifelong passion for helping animals and their humans live happy, healthy lives together. My core value is to treat each individual with respect and understanding and to honor the unique expression that each being is, whether animal, vegetable or mineral. This way we all thrive in our short and wondrous adventure on this fabulous blue planet. I am a proud resident of Portugal, where I live off-grid with my herd of horses and other creatures. www.otefarm.eu
“Change. The only thing we can really count on. Yes, I know they say that about death too, but what is death but the ultimate change?
And like death we tend to fear change. Kick against it. Try and hold things comfortably permanent so we can sleep peacefully. But that, my friend, is not what we are here for. So many wonderful possibilities on this fantabulous playground we call Planet Earth. This being human offers us so many opportunities to experience, enjoy, play, feel. Why do you want to sleep?
It’s not all rainbows and unicorns, how boring would that be? But it is a kaleidoscope of moving energy, a banquet of emotions and dramas for us to dance with. This glorious Technicolor dance of life.
But what do most people do? Turn down the volume. Mute the colours. Play safe. By the time we are adult we’ve mostly had the joy educated out of us and accept that life is better if we have a plan. Set some goals. Stay within acceptable parameters. Make sure we keep on getting that hard-earned love/respect/money. Whatever the particular hook that keeps you swimming along with everyone else.
Well I’m here to say, it’s not worth the price you are paying.
Change is the Universe offering you a way out. Saying: Is that really where you want to be? Don’t you deserve more?
You lose your job. Find out your husband is a lying cheat. Or just realise he is never going to be the hero you had hoped for. A beloved friend dies. Or a parent. You might feel it as the world falling apart, everything being taken from you, a calamity. But I ask you to see it as a gift.
Behind every apparent catastrophe is a world of opportunity. You just have to take that one small step along the path that unfurls before you now. I know, it’s scary, you don’t know where your foot will land, what will become of you. But contrary to popular belief, the Universe is a beneficent place, and wil do everything it can to help you blossom into the absolute perfect version of ‘you’. Not someone else.
You are here to discover what it is YOU have to give. How YOU can share your love. What brings YOU joy. Whether that is as a mother, a rebel, a mogul, a mountain climber. Be whoever you want to be. Be nobody, floating through life like a whisper. It matters not.
As soon as you say “yes” to change it will support and guide you. The more you listen to your heart and gut, the more the path becomes apparent. The further behind you leave the ‘shoulds’ and ‘buts’ and ‘what ifs”, the easier it becomes, and you wonder why on earth you have wasted your life fulfilling other people’s expectations.
And so the Universe asks us to welcome change. It’s as natural and inevitable as the rotation of the sun. You don’t see the sun crying every evening as the stars come out. We are changing every millisecond. You are not the same person you were when you started to read my ramblings. Cells have died, thoughts have changed, hair has grown, we are nothing but an arrangement of ever changing molecules, on a rotating planet, flying through space. Stability is an illusion.
The trick to living easily as a human is to embrace the transient nature of an embodied existence. To be open to the changing rhythms and nuances of life and go with them. Say a fond farewell to that which no longer serves you, with gratitude for lessons learned, and flow on like a river until you merge with the sea. Enjoy the scenery as you pass through, it’s already gone.
Sofia, mulher, mãe, pedagoga
Escorpiona, entregue ao processo vida-morte-vida
Eterna aprendiz
Profundamente grata pelo processo
“Mudança.”
Palavra feminina. Palavra de enorme poder criativo.
Única constante da vida.
Porque resistimos então tanto?
Acredito na vida como um processo de mudança constante, que nos permite evoluir. Logo, a mudança é boa. Mas serão todas as mudanças boas? Sim! Acredito que sim. Mas sei também que no momento preciso da mudança, no epicentro do furacão, nem sempre as conseguimos ver assim.
Porque mal ou bem, habituamo-nos à situação em que vivemos. E mudar exige esforço que nem sempre estamos disponíveis para fazer. Então acomodamo-nos. Quantas vezes a situações que nos fazem mal, mas como já são conhecidas ficamos nelas, porque antecipar a mudança para o desconhecido assusta.
Sabem que as pessoas que foram vítimas de abuso são com frequência ou abusadores ou vítimas de novas relações de abuso porque isso é o que conhecem? Para terem novas formas de relações teriam que mudar. E isto custa.
Vivi já muitas mudanças na minha vida. Mudei muitas vezes de casa, várias vezes de país, enviuvei, divorciei-me e separei-me, passei de sozinha a mãe de 3 filhos, mudei de empregos…… e recentemente saí da escola que criei.
Nos primeiros dias nem sabia como dizer a frase “saí da minha escola.”
Mas felizmente a vida já me trouxe tanta mudança que sabem como lidei com esta última tão dura? Fiquei. Deixei que doesse. Esperei. E a mudança veio. E a transformação aconteceu. E no meio do furacão tinha sempre presente o pensamento, a lembrança, a fé, de que a mudança vem por bem. Sempre. Mesmo quando não conseguimos ver. Mas, se nessas alturas nos conseguirmos lembrar, conseguimos aguentar.
Desejemos a mudança. Aceitemos a mudança. Abracemos a mudança.
Gosto de juntar letras e formar histórias em cada palavra. Adoro descobrir pessoas e sei misturá-las. Sou um ‘pot-pourri’: tenho uma mãe espanhola que me ensinou o bom gosto e um pai português que me ensinou a liberdade. A minha bisavó era indiana, os meus irmãos nasceram em Angola, tenho primos de todos os cantos do mundo, sobrinhos chilenos.
O meu super poder? A curiosidade.
Eu dizia que detestava rotinas, em miúda passei a vida a sonhar com a mudança.
Mudava-me de cada vez que lia um livro (e eu lia muitos): a minha imaginação sempre me transportou para onde eu quisesse. Mudava-me quando me apaixonava por um músico e sonhava em ser a namorada que o acompanhava nas suas tours pelo mundo inteiro, que ficava na lateral do palco a cantar as letras todas, quase baixinho. Assim mesmo, tipo filme. Mudava-me quando os meus pais contavam as histórias de uma África que eu não tinha vivido, uma América que eu sonhava conhecer, uma Espanha onde eu ia várias vezes por ano e na qual queria viver.
A adolescência foi passada neste corrupio de mudanças imaginárias; mas também no sonho de finalmente sair da província e vir viver para Lisboa. Essa foi a primeira mudança real. Porém não foi suficiente… eu não gostava de rotinas, certo? E, na época, não gostava do curso que me tinha calhado em sorte, e ainda menos gostava de ser dependente financeiramente dos meus pais. Inventei de tudo: fiz todos os cursos que me interessavam e mais alguns até que, um dia, num autocarro, descobri a possibilidade de criar anúncios. Aí veio a segunda grande mudança: comecei trabalhar numa profissão que, na época, estava cheia de glamour, na qual, miúdos de vinte e poucos anos ganhavam uma fortuna. Trabalhei que nem uma moira, diverti-me como ninguém: estávamos nos anos 90 e, gente, Lisboa, nos anos 90, era brutal. Viajei. Viajei. Viajei. Conheci este mundo e o outro.
Mas ainda não chegava.
O bicho inquieto da mudança continuava a dar-me cabo do juízo, a fazer-me ter medo da estabilidade. Que raio, afinal não era mudando muito que eu acalmava o receio de não mudar o suficiente! Então, como?
Fiz mais mudanças e algumas enormes: casei, tive o meu primeiro filho (que mudança maravilhosa mas tão assustadora, na altura), separei-me. Bati com a porta na cara da Publicidade e fui fazer rádio, fui ajudar a criar livros, fui repórter de viagens, fiz a minha empresa. Apaixonei-me de novo, voltei a casar, tive um segundo rapaz (que mudança maravilhosa, já não tão assustadora como a anterior), separei-me, voltei a juntar-me. Tive um projecto de arte que não correu bem. Mudei treze vezes de casa. Treze. Acho que conheço quase todos os cantos de Lisboa e arredores. E foi na última que disse para mim ‘já chega’.
Ainda tenho dificuldade em lidar com a rotina mas, hoje, depois de me conhecer bem, sei que a mudança também pode ser uma fuga para a frente, uma forma de nos escondermos de nós próprios e de não enfrentarmos o medo do outro. Sei que é bom mudar mas que é sobretudo bom compreender por que razão queremos tanto a mudança.
O bicho irrequieto está cá, sempre estará. Hoje em dia consigo que adormeça em paz e me sacuda apenas quando eu preciso mesmo que uma corrente de ar entre, me refresque a cara e me faça dar um passo no sentido de algo que me construa só mais um bocadinho.
Só mais um bocadinho.
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